Internet brasileira: oportunidades para provedores audaciosos

Desde a década de 90, a Internet brasileira tem acompanhado a tendência mundial e crescido de forma contínua. Hoje seu uso é considerado indispensável como meio de comunicação, sem o qual não é possível realizar uma parcela expressiva de serviços.

Embora mais pessoas no Brasil tenham acesso à internet a cada ano, ainda existem problemas estruturais que dificultam a inclusão digital, sobretudo nas regiões mais remotas do país. Diante disso, as empresas que trabalham no setor de provedores têm um grande desafio a ser vencido. Porém, longe de ser um simples obstáculo, a inclusão digital também pode ser encarada como oportunidade, principalmente para os provedores regionais.

Contudo, isso não quer dizer que seja fácil. Na realidade, os desafios são muitos e complexos, indo desde a falta de estrutura em muitas regiões do Brasil, até problemas burocráticos em relação às leis, além da falta de profissionais. Mas, especialmente em um cenário no qual a presença online tem se tornado crucial para empresas e pessoas, é possível transformar cada um desses entraves em oportunidades para crescer. Como? É o que veremos a seguir.

 

Desafios e questões legais

Conhecer bem as leis que regulamentam a internet brasileira é estritamente necessário para um investimento certeiro no setor de provedores. Dois grandes exemplos são o MCI (Marco Civil da Internet) e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Em vigor desde 23 de junho de 2014, o MCI traz o chamado princípio da neutralidade. Ele proíbe que sejam cobradas tarifas diferenciadas de acordo com o tipo de uso feito pelo internauta, desde que ele não esteja violando nenhum dos direitos e deveres prescritos.

Contudo, essa legislação apresenta algumas brechas. Por exemplo: nas instâncias estaduais, não há legislações que adaptem estes princípios à realidade de cada estado. Isso gera um desequilíbrio, pois apesar de a neutralidade ser prescrita no MCI, ela não é de fato posta em prática, pois as realidades econômicas não são “neutras” em cada estado.

Já a Lei Geral de Proteção de Dados, em vigor desde agosto de 2020, apresenta contradições ainda mais acentuadas. Criada para estabelecer segurança jurídica no mundo digital, um dos pontos principais da LGPD é a defesa do consentimento do cidadão sobre o uso de seus dados pessoais.

Com uma legislação recente e complexa, para lidar com a questão legal, é preciso que o provedor conte com uma boa assessoria jurídica, que esteja em dia com todos os requisitos legais e evite transtornos custosos, como as multas aplicadas em razão do descumprimento de normas.

Mas não se trata apenas de fugir do prejuízo: com uma equipe jurídica competente, o provedor transforma os obstáculos em oportunidades, e adquire como diferencial a transparência, algo muito valorizado pelos clientes.

 

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Investimento em infraestrutura é necessário em regiões afastadas para melhorar internet brasileira

Apesar da deficiência no acesso à internet ser maior nas regiões Norte e Nordeste, o problema ocorre em todo o Brasil. Uma das principais causas é que as grandes empresas não dão conta de toda a demanda. Por isso é que nos últimos cinco anos os pequenos provedores aumentaram sua atuação em todo território nacional, sendo que juntos representam o segundo lugar em número de  clientes.

Apesar disso já ser uma tendência, ainda há muitos nichos a serem ocupados. O fato é que as iniciativas devem partir dos pequenos provedores, pois não há como esperar que poucas empresas de grande porte forneçam conexão de qualidade a todo o Brasil.

Por isso, deve-se olhar ao redor e tentar perceber onde você, enquanto provedor, pode fazer a diferença. Isso significa focar em locais onde a cobertura é deficiente, pois é neles que o seu serviço pode se destacar. Isso não é apenas uma maneira de trazer avanços para uma determinada região, como também de evitar competição desnecessária com empresas gigantes.

Para isso, é preciso investimento. Afinal, não é sempre que há estrutura necessária para se iniciar ou expandir um serviço de conexão. Sobretudo em regiões mais carentes economicamente, muitas vezes é a própria empresa que toma iniciativas e injeta verba para a compra de equipamentos,  materiais, reformas no local eentre outras necessidades de primeira ordem.

De qualquer maneira, é importante que se tenha a projeção correta de custos. Estes, incluem materiais como:

  • Computadores;
  • Fiação;
  • Estruturas como postes, grades, entre outros.

 

Com um planejamento adequado e estudo de mercado, evita-se o prejuízo e a inércia que a permanência em espaços dominados por empresas maiores poderia acarretar.

 

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Investimento em capacitação pode ser um grande diferencial

Outra questão a ser enfrentada é a formação de profissionais. Quanto mais remota for a região onde se pretende atuar, mais difícil é encontrar um contingente suficientemente habilitado. Mas como resolver esta equação? Da mesma forma que a questão da infraestrutura: investimento.

Isso quer dizer que, se não há profissionais habilitados em determinada região ou cidade, cabe à empresa habilitá-los. Sendo um investimento a médio e longo prazo, a capacitação profissional que sua empresa pode oferecer tem resultados múltiplos: ajuda a obter colaboradores qualificados, incentiva pessoas a procurarem por instrução e gera empregos.

Ou seja, o investimento em capacitação é uma ótima maneira de fazer a diferença em um local que originalmente não teria pessoas aptas a colaborar com sua empresa, equilibrando a equação. Além de criar uma transformação local, seu provedor pode influenciar empresas de outras cidades que se encontram em situação semelhante, fomentando a competitividade e resultando em uma maior qualidade de serviços.

 

Conclusão

As oportunidades de crescimento na internet brasileira são imensas: os pequenos provedores ganharam mais de 3.5 milhões de novos acessos de janeiro a dezembro de 2020. As empresas que representam esse mercado somam 38% do mercado de internet fixa no país. A média de velocidade dos planos subiu quase 120% de janeiro de 2019 a dezembro de 2020.

Tendo tais dados em conta, do ponto de vista do provedor, é importante prestar atenção às demandas regionais, que dizem respeito ao território de atuação. Com esta percepção aguçada, é possível detectar o melhor lugar e momento para se fazer um investimento. No entanto, também é imprescindível a atenção a fatores como a legislação, de modo que se possa prevenir problemas burocráticos.

Em resumo, os pontos de atenção se formam de acordo com esses três itens:

  • Atenção às demandas regionais;
  • Atenção ao que é prescrito nas leis nacionais e estaduais;
  • Atenção à oferta de trabalhadores qualificados em cada região.

 

Para provedores audaciosos que pretendem explorar nichos de oportunidade na Internet brasileira, observar estes três itens é necessário para crescer com qualidade.

Mas e no  seu caso? Quais desses pontos merecem mais atenção? Fique à vontade para deixar sua opinião nos comentários. Seu feedback é muito importante para nós! E não deixe de ler outros conteúdos de interesse para pequenos provedores, como nosso E-book “Gestão para momentos de crise: o que fazer antes, durante e depois”.

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