Empresas catarinenses apostam em internet das coisas

Conectar os objetos ao mundo de maneira sensorial e inteligente. Esse é o objetivo da revolução tecnológica proposta pela internet das coisas, que segundo a Cisco poderá gerar ganhos superiores a US$ 4 trilhões para vários países, inclusive o Brasil, ao longo dos próximos sete anos. Apesar de o termo inglês internet of things (IoT) parecer futurista e até abstrato, empresas catarinenses começam a despertar para as possibilidades da tecnologia e oferecer soluções ao mercado brasileiro.

Como oportunidade de trocar experiências sobre o tema, cerca de 100 empreendedores, desenvolvedores, designers, makers e profissionais de tecnologia reúnem-se a partir de hoje no Senai da Capital até domingo para o Startup Weekend Florianópolis Internet of Things, primeira edição do evento no Brasil com foco em internet das coisas. A proposta é em até 54 horas dar vida a projetos que possam facilitar a vida das pessoas a partir da conexão de casas, carros, escritório e até cidades. O evento está desde abril com ingressos esgotados, o que demonstra o interesse dos profissionais do setor para o que é considerado o próximo passo da internet.

A SensorWeb, empresa de Florianópolis que trabalha com o monitoramento online de temperatura de ambientes que abrigam artigos hospitalares desde 2009, será representada no evento em mentoria. Já são 1,8 mil sensores monitorados, incluindo aqueles que controlam os estoques de sangue do Hemosc, as pesquisas da Universidade de São Paulo e o material do Instituto do Câncer. O CEO, Douglas Pesavento, tem visão crítica sobre a aplicação das soluções baseadas em IoT, mas enxerga um mercado interessante.

— Nem falamos muito em internet das coisas para não ficar pejorativo. Tem muita gente construindo, mas será que tem viabilidade? É preciso entender a metodologia das startups enxutas, porque produzir um protótipo de IoT não é a principal dificuldade nesse mercado. Hoje é preciso entregar valor e, por esse motivo, não vendemos sensores e sistemas que se comunicam, mas monitoramento de temperaturas.

Por não ser uma área fim, não se sabem quantas empresas atuam com o conceito no Brasil ou no Estado. Mas uma vertical de negócios composta por 26 membros, que desenvolve ou pensa em desenvolver soluções baseadas na internet das coisas, foi criada na Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate) há menos de três meses. A diretora Silvia Folster comprova o olhar atento dos empreendedores catarinenses:

– Há empresas catarinenses que já fornecem algumas soluções de IoT, mas a maioria é iniciante. O que mostra um desafio, mas ao mesmo tempo um olhar preocupado com o que é o futuro. Temos gente de olho em oportunidades no mercado e testando modelos. Queremos sair na frente, até porque quando o assunto é tecnologia, Santa Catarina está bem no ranking brasileiro.

Um dos principais desafios ainda é a falta de incentivos financeiros para execução dos projetos. No fim de março, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma chamada pública para buscar empresas interessadas em fazer estudos técnicos sobre o mercado de dispositivos conectados no país. A intenção é embasar medidas de incentivo para o setor.

Possibilidade para startups, pequenas e médias empresas

A consultoria Gartner projeta que 50% das inovações em internet das coisas serão originárias de empresas com menos de três anos de existência em 2017. Há, portanto, um nicho a ser explorado pelas pequenas empresas.

— Não é algo ligado às grandes. É possível desenvolver dispositivos simples e de baixo custo, sem sombra de dúvida tem espaço para qualquer porte de empresa. É claro que os empreendedores vão precisar de criatividade e de recursos, mas existe espaço para todos os portes e ideias, desde as mais simples até as mais avançadas — comprova Silvia, que também dirige a área comercial da Cianet, empresa de Florianópolis focada no segmento de telecomunicações.

É esse espaço que a startup EatSmart está buscando no programa de aceleração da InovAtiva Brasil. O modelo de uma bandeja para bufês de restaurantes que fornece informações nutricionais precisas aos consumidores, principalmente aqueles que seguem dieta ou que estão em tratamento de saúde, será lançada até o fim deste ano pela startup de Florianópolis. Vencedores do prêmio Sinapse de Inovação, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), os três empreendedores apostam em um sistema embarcado dotado de células de carga que se comunica com um aplicativo para celular.

— Os usuários poderão seguir dietas, servir-se na medida e conferir desempenho a partir de exatamente aquilo que colocam no prato. Para os restaurantes, o benefício é o de mitigar o desperdício de alimentos. E para os nutricionistas é o de ampliar a carteira de clientes, além de poder torná-la virtual. Quando vimos as informações que estávamos trabalhando é que percebemos que estávamos dentro do universo de IoT — garante o líder Fausto Alcântara de Lima Jr, 35.

O QUE É?

A internet das coisas (do inglês, Internet of Things) tem o objetivo de conectar aparelhos eletrônicos do dia a dia a máquinas industriais e meios de transporte à internet. Cada vez mais surgem eletrodomésticos, meios de transporte e até mesmo tênis, roupas e maçanetas conectadas à internet e a outros dispositivos, como computadores e smartphones. A ideia é que o mundo físico e o digital se tornem um só, através dispositivos que se comuniquem com os outros, os data centers e suas nuvens. Aparelhos vestíveis, como o Google Glass e o Smartwatch 2, da Sony, transformam a mobilidade e a presença da internet em diversos objetos em uma realidade cada vez mais próxima.

COMO FUNCIONA

Para ligar os aparelhos à rede, é necessário um sistema eficiente de identificação feita por radiofrequência. Dessa forma se torna possível registrar os dados sobre cada uma das coisas. Segundo, o registro de dados permite detectar mudanças na qualidade física das coisas usando sensores. É a inteligência própria de cada objeto que aumenta o poder da rede de devolver a informação processada para diferentes pontos.

Fonte: TechTudo

APARELHOS NO MERCADO

Whistle Monitor – Funciona como uma pulseira inteligente de fitness, mas para animais de estimação. Ao ser presa a uma coleira, o dispositivo capta o movimento dos animais e rotas percorridas, enviando a um app informações sobre a saúde do pet e metas de exercícios.

Campainha inteligente – a Skybell tem uma câmera acoplada e, assim que é tocada, envia um alerta para o celular do usuário, que pode enxergar o visitante em tempo real por um aplicativo.

Goji Smart Locker – é uma fechadura inteligente que transforma o smartphone em chave, uma vez que se conecta ao dispositivo por wi-Fi e bluetooth. Ele também é capaz de trancar a porta automaticamente, de mandar alertas a cada vez que a porta é destrancada, foto de quem está batendo na porta e criar chaves específicas.

LG Smart Lamp – é uma lâmpada inteligente que se conecta aos smartphones e custa US$ 32. Além de ligar e desligar pelo aplicativo no celular, o usuário pode ajustar a luz da lâmpada de acordo com uma música, configurar quando a luz deve desligar e ainda ajustar para que ela pisque quando alguém está ligando para seu número.

Skully Hemelts – capacete que traz a tecnologia Heads-Up Display (HUD), algo como tela livre de mãos. Na parte inferior direita do visor do capacete, uma pequena tela projetada no vidro mostra imagens da câmera traseira do capacete, que gira 180 graus, e instruções do GPS do smartphone.

Fonte: Diário Catarinense