Empresas apostam em inovação e investem para crescer

Algumas das invenções mais utilizadas na vida moderna, como o micro-ondas, o GPS e a panela de teflon, nasceram em períodos críticos da história, como a I e II Guerra Mundial. Respeitando as proporções, o exemplo mostra que as crises também são oportunidades para inovar e buscar novos mercados.

É o que afirma o diretor do Movimento Catarinense para a Excelência, Roberto Zardo, que observou uma das empresas em que atuou, a Natura Cosméticos, crescer 35 vezes nos anos 1980, a chamada década perdida. Enquanto a reação natural das companhias costuma ser frear investimentos, a dica dos especialistas para superar a crise econômica é justamente o oposto: invista e, caso seja necessário, reinvente-se.

A empresa de tecnologia da informação Cianet, fundada em 1994 em Florianópolis, ilustra bem o resultado positivo dessa recomendação. Neste ano, a marca não só continuou trabalhando para crescer como lançou um novo produto, o Kingrus, uma plataforma de TV para internet, que concorre com as operadoras de TV a cabo e os serviços online de entretenimento, como o norte-americano Netflix.

A aposta no produto parte de uma tendência de comportamento imposta pela crise: a de que o brasileiro está procurando economizar com alimentação e lazer, preferindo alternativas dentro de casa.

O provedor de internet Life Telecom, de Marília, em São Paulo, comprou o Kingrus e está oferecendo a opção para os clientes.

— Os pequenos operadores de internet conseguiram licença para operar TV há pouco tempo e estão amadurecendo a aplicação do produto conosco — afirma Silvia Folster, diretora comercial da Cianet.

O esforço em identificar e aproveitar a oportunidade de mercado deverá render à empresa um crescimento de 24% em 2015, ano de provável retração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A projeção de incremento nas vendas é até maior que o resultado de 2014, quando o negócio cresceu 17%.

A marca ainda adotou ações internas para se proteger contra a crise. Hoje, explica Silvia, todos os setores estão mais próximos dos clientes, com o objetivo de ampliar os índices de satisfação e de antever necessidades do mercado. A empresa também investiu em capacitação de pessoas e manteve o número de funcionários do ano passado, com seleção mais rigorosa de talentos.

Empresa prevê crescimento de 7%

Implementar mudanças e aproveitar oportunidades de mercado impostas pela crise são ações recomendadas e que independem do setor econômico. Em Itajaí, por exemplo, a alimentícia Gomes da Costa ampliou seu portfólio de produtos e está planejando diversificar investimentos.

— É comum acreditar que em épocas de desaceleração econômica o setor da alimentação sofra menos. Mas ele ainda sente. Com a desaceleração do emprego, todos os setores são atingidos — afirma Alberto Encinas, presidente da companhia de pescados.

A empresa projeta crescer 7% em 2015 após criação de novos produtos. Apostando nos principais vetores de crescimento no mercado de alimentos nos últimos anos, os itens práticos e saudáveis, a Gomes da Costa oferece hoje uma linha de saladas prontas e outra de vegetais em conserva.

O crescimento nas vendas da marca em ano de crise econômica é uma prova de que o investimento contínuo em inovação é um escudo contra os momentos incertos do mercado, como defende o designer e curador da Bienal Brasileira de Design 2015, Freddy Van Camp:

— É preciso estar com o olhar lá na frente, para que em uma crise você tenha alternativas, um plano B. Se em uma época de baixa você não tiver nada novo para oferecer, sua empresa pode sucumbir.

Diversificar investimentos

O executivo Roberto Zardo explica a importância desta preparação prévia da empresa fazendo uma relação com a prática do rafting:

— Quando a água está alta, você navega sem problemas. Mas quando o rio baixa, e as pedras aparecem, é preciso estar preparado para não se arrebentar. E aí você percebe que com preparação é muito mais gostoso descer o rio com as pedras no caminho, superando os desafios.

Os produtos desenvolvidos nos últimos anos pela Gomes da Costa acabaram se tornando a carta na manga da companhia em tempos de crise. Como defende Encinas, eles atendem bem o consumidor brasileiro atual, pois oferecem uma opção mais em conta.
Os pescados em lata ainda são a grande aposta da marca, devido ao potencial de crescimento do consumo de peixe. Mas a empresa planeja diversificar investimentos com a criação de uma nova fábrica em SC destinada à produção de alimentação animal. A unidade deverá entrar em atividade em 2016.

Fonte: Diário Catarinense